Terrorismo no mundo e intervenção do ocidente

          

Após os ataques do 11 de setembro de 2001, o então presidente americano George Bush lançou a "Guerra ao terror" ("War on terror"). Este não é, claro, o único fator que explica o surgimento de grupos terroristas e o aumento de ataques de terrorismo no mundo, mas é um ponto de partida fundamental (bem como o intervencionismo de alguns países ocidentais no Médio Oriente durante o século XX).

No século passado, França e Reino Unido tinham colónias no Médio Oriente, que mantinham para dar livre passagem às suas empresas que queriam explorar o petróleo da região. Na década de 20 e seguintes, vários movimentos revolucionários contra o Reino Unido e França surgiram no Médio Oriente, tendo começado aí uma longa história de ódio ao ocidente.




Multidão celebra queda da monarquia apoiada pelo Reino Unido no  Iraque (1958)





Em 1953, os Estados Unidos apoiaram a tomada de poder do Xá no Irão, uma vez que o anterior regime ia contra os interesses do gigante americano, que se resumiam pelo interesse em ter via livre para as empresas americanas explorarem petróleo. E, em 1963, a CIA apoiou um grupo de rebeldes a depor o presidente do Iraque pelos mesmos motivos. O novo governo passaria para o partido Baath do qual fazia parte Saddam Hussein.

Mais tarde, nos anos 80, vários países ocidentais concederam armamento bélico, matérias primas, armas biológicas e outros ao regime de Saddam Hussein. Isto deu-se com o total conhecimentos dos governos destes países de que as armas seriam usadas por Saddam para perseguir os Curdos e invadir o Irão. Na verdade, o objetivo dos países que forneceram as armas era eliminar a Revolução Iraniana, que era extremamente anti-ocidente. Entre estes países estão França, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos.



                                                        Revolução iraniana de 1979


Eis que chegamos a 2001, ano em que é lançada a campanha "War on Terror" do então presidente americano George Bush "justificada" por causa dos ataques terroristas em solo americano nesse ano. A campanha implicava uma invasão militar do Afeganistão e Iraque e uma expansão da inteligência americana em todo o mundo com o objetivo de perseguir grupos terroristas e eliminá-los.



                              Número de ataques terroristas no mundo por ano (1989-2014)
                                 


Como podemos observar pelo gráfico, o número de ataques terroristas apresentavam uma tendência de decréscimo até 2004, tendo disparado até 2014 (e mantendo os números elevados nos anos que se seguiram). Céticos poderão argumentar que o terrorismo aumentou apesar da campanha dos Estados Unidos e não por causa dela. Apesar disso, não poderão argumentar que a "Guerra contra o terror" resolveu o problema.

 

 Anti-americanismo



Apesar de tudo, mesmo que não se tenham em conta os gráficos e números, é fácil perceber que a população dos países invadidos repudie este tipo de atos, chegando mesmo, em alguns casos a dar razão e apoiar grupos terroristas e fundamentalistas islâmicos. É claro que, os 100 mil mortos no Iraque provocados pelo conflito é motivo suficiente para odiar os Estados Unidos (não pretendo incitar ao ódio aos EUA, apenas a tentar clarificar o argumento).

Além disso, muitos grupos terroristas como a Al-Qaeda e Estado islâmico têm como "justificações" para os seus ataques a política externa dos Estados Unidos no Médio Oriente. Este motivo deveria ser suficiente para incentivar os governos americanos a retirarem as suas tropas e serviços secretos desta região, limitando-se a evitar o terrorismo dentro das suas fronteiras.

João Vidal




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