3 razões pelas quais celebramos a Páscoa (e de onde vieram os ovos)?





Quais as origens religiosas? Porque é que celebramos a ressurreição de Jesus? De onde vieram os coelhos e os ovos da Páscoa?

Origens judaico-cristãs

Segundo o Antigo Testamento, o Deus dos hebreus ameaçou matar todos os filhos primogénitos do Egito como forma de persuadir o faraó a libertar os hebreus da escravatura. Apenas seriam poupados aqueles cujas portas das casas estivessem untadas com sangue de um cordeiro que tivesse sido sacrificado em nome de Deus. Isto explica o facto do nome "Páscoa" ter origem na palavra hebraica pesach que significa "saltar", simbolizando as casas que Deus "saltou" (as casas que estavam untadas com sangue de cordeiro)

Assim, a páscoa judaica celebra a libertação dos hebreus do Egito, guiados por Moisés, e a sua travessia do Mar Vermelho. Apesar do ritual de sacrifício dos cordeiros ter deixado de ter muita importância na comunidade judaica, esta tradição ainda continua a ter alguma aderência.



A Páscoa cristã celebra, especialmente, a ressurreição de Jesus Cristo, apelando à memória do seu sacrifício. Segundo a Bíblia, o preço a pagar pelo pecado é a morte e, tendo a humanidade desobedecido a Deus, todos estariam condenados. No entanto, Jesus Cristo, demonstrando o seu amor pela humanidade, sacrificou-se como Cordeiro de Deus para absolver os homens do pecado. O período da Quaresma celebra esse acontecimento apelando a que os cristãos façam também os seus sacrifícios como forma de relembrar o ato de Jesus.

O momento da ressurreição de Cristo seria a promessa da vida eterna para os seus seguidores. Jesus, que era judeu, concilia na sua pessoa a antiga tradição judaica e a nova tradição cristã.



Um facto curioso é que Jesus Cristo não foi a primeira divindade a morrer e ressuscitar. Muitos outros deuses percorreram esse caminho como é o caso de Odin, o deus nórdico; Osiris que foi morto pelo seu irmão e ressuscitado pela sua mulher Isis e Dionísio, deus grego do vinho, etc. Verificamos a tendência das religiões absorverem símbolos e lendas de outras crenças. O cristianismo aproveitou a Páscoa judaica, o motivo mitológico da ressurreição e outros.

De onde vieram os coelhos e os ovos da Páscoa?

Embora algumas tradições católicas tenham adotado os ovos como símbolo pascal, a sua origem remonta às tradições pagãs. A palavra inglesa para a Páscoa, "Easter", tem, provavelmente, origem saxónica na palavra  "Eostre", deusa da fertilidade para as comunidades anglo-saxónicas. Estas sociedades pagãs festejavam a chegada da primavera e realizavam banquetes em honra da deusa Eostre. Eram agradecidos o ressurgimento da vida com o fim do inverno e o início da primavera.

Nos festejos pagãos, os ovos e os coelhos eram, precisamente, símbolos da fertilidade e do retorno da vida aos campos, pois é na altura da primavera que coelhos, aves e outros animais começam a procriar e que as árvores de fruto ganham flor anunciando períodos de abundância.


Eostre- deusa pagã da fertilidade e da primavera

Tradições

Em Portugal, soubemos como conciliar as diversas tradições relativas à Páscoa. Por exemplo, em Castelo de Vide, em Portalegre, é celebrada a libertação dos judeus do Egito num momento chamado Bênção dos Cordeiros. 

O Domingo de Ramos (domingo anterior ao domingo de Páscoa) celebra a chegada de Jesus a Jerusalém, onde foi recebido alegremente pela população que segurava em ramos de palmeira e oliveira e o aclamavam Filho de Deus. Nos dias de hoje, é comum que os afilhados ofereçam ramos de oliveira aos seus padrinhos e os levem para a missa para serem benzidos. Em troca, os afilhados recebem o folar, que, curiosamente, é decorado com um ovo no centro do bolo.


No fundo, celebramos a Páscoa por herança das tradições cristãs. Várias crenças têm a sua própria visão e tradições relativas à Páscoa seja a ressurreição do Messias ou os ovos e coelho da Páscoa. Na minha visão, embora as religiões pareçam diferentes e celebrem deuses diferentes, todas nos tentam contar a mesma história. Afinal, e no que toca à Páscoa, todas as crenças cantam, em uníssono, o fim das trevas e dificuldades passadas (o inverno) e o renascer da vida e da luz, agradecendo a abundância e tempos melhores.

João Vidal

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