É verdade! Existe uma certa probabilidade de ela voltar com o objetivo de nos castigar pelos pecados que temos cometido. Mas agora falando mais a sério, irei recuar um pouco no tempo e investigar para perceber qual é a resposta científica a esta pergunta.
Yersinia Pestis- O Extreminador implacável?
Este é o nome científico da bactéria que causou algumas das pandemias mais mortíferas da História. Foi batizada depois de ter sido primeiramente descoberta pelo francês Alexandre Yersin e outros bacteriologistas, em 1894.
-"Alto lá! A Peste Negra não foi só no século XIV?"
Um dos documentos que relata a existência desta peste foi o Antigo Testamento no livro 1 de Samuel, mas a primeira prova científica tem 4 900 anos. Trata-se do DNA da bactéria que foi descoberto nos dentes de agricultores do período Neolítico.
O primeiro momento histórico do qual se tem mais registos sobre a peste foi durante o reinado do imperador Justiniano sobre o império Bizantino, no século VI (embora tenham ocorrido outros dois episódios nos séculos V A.C e século II D.C). Existem relatos históricos de que os residentes em Constantinopla morriam aos milhares.
O segundo momento foi o mais famoso por ter sido o mais mortífero. No século XIV, estima-se que cerca de um terço a metade da população Europeia tenha morrido da chamada peste bubónica. Esta doença resulta da mordida de certas pulgas que carregam consigo esta bactéria e que vivem em alguns tipos de roedores, nomeadamente as ratazanas. Essas ratazanas viajavam nos navios mercantes que atracavam nos portos europeus, principalmente em Itália. Aliás, foi nesse período em que surgiu a palavra quarentena que provém da palavra italiana quaranta. Os navios que chegavam aos portos italianos deveriam permanecer ao largo, sem atracarem, durante cerca de quarenta dias.
Houveram novos surtos nos séculos XVII, XIX e início do século XX, que voltaram a encher valas comuns por toda a Europa e Ásia.
Em 1899, ocorreu até um pequeno surto de peste em Portugal, na cidade do Porto, que tirou a vida a 132 pessoas. Parecem poucas vítimas mas nesse período ocorreu um novo surto de peste mundial que se pensa ter ceifado 10 milhões de vidas.
Bombeiros descontaminam caixão na cidade do Porto, 1899
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E então? Devemos estar preocupados?
Segundo a Organização Mundial de Saúde, entre 2010 e 2015, 3248 pessoas foram infetadas, das quais 584 perderam a vida. Em princípio não deveríamos estar preocupados, porque a maioria dos surtos acontece em países com a República Democrática do Congo, Madagáscar e o Perú. No entanto, a OMS não descarta possíveis surtos no mundo desenvolvido como se pode observar no mapa abaixo.
Recentemente, foram descobertos dois corpos enterrados na Baviera, Alemanha, vítimas da Praga de Justiniano (séc. VI), aos quais foi extraído ADN da bactéria. As conclusões dessas análises levaram os investigadores a acreditar que a variedade da bactéria no século VI era diferente dos outros surtos que tinham surgido anteriormente e do que os que se seguiram. Uma pequena mutação genética da bactéria foi suficiente para a tornar muito mais mortífera do que era. Além disso, se a Yersinia pestis tem registado outras mutações depois da Peste Negra, porque não poderia evoluir para algo pior no futuro?
Apesar disso, segundo Helen Donoghue, afiliada à University College London, as pulgas que vivem nos roedores apenas teriam a necessidade de procurar outros hospedeiros se a população de roedores diminuísse drasticamente. Foi o que aconteceu no século XIV, devido aos maus anos agrícolas. Aliás, as pulgas não procurariam necessariamente os seres humanos como hospedeiros. Podemos dizer que os nossos antepassados tiveram apenas azar.
Apenas se esta doença não for detetada e tratada atempadamente é que a fatalidade é inevitável. Apesar de ser provável que possam surgir novos surtos, a higiene pessoal e as condições sanitárias no mundo desenvolvido evoluíram muito, pelo que as consequências de tal acontecimento seriam diminutas.
João Vidal
1 Comentários
Muito interessante... a actualidade demostra que infelizmente o homem tem pouca capacidade de aprender do passado ( COVID-19).
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